Lisa e Gabriel: o capítulo em comum de todas as minhas histórias
Os verdadeiros protagonistas deste blog.
Hoje, não falo sobre Karina, Bruno ou Henri.
Hoje, apenas menciono Giovanna. Pergunto-me se ela não estava certa esse tempo todo. Não sobre agir do modo que agiu. Apenas sobre sua opinião.
Hoje, falo sobre os verdadeiros protagonistas deste blog.
Eu e Gabriel. Gabriel e eu.
Porque, o que aconteceu ontem, meus amigos… Ou melhor, hoje. Nesta madrugada. Foi péssimo.
Mais um conto, mais um desabafo sobre os efeitos do álcool.
Mesmo padrão de rolê. Mesmo padrão de amizades. Lados trocados. Estávamos no aniversário de uma amiga de Gabriel, desta vez. Não que isso modifique alguma coisa - eu acho.
Festa boa. Pessoas bacanas. Jogos alcoólicos e muita bebida rolando. Mas tudo muito gostoso. Até decidirmos que estava na hora de ir embora. Até entrarmos no carro. Até eu perceber que não estava aguentando ficar acordada. Até eu dormir no banco do passageiro enquanto Gabriel dirigia.
Senti um negócio. A mão dele. Entre as minhas pernas. Enquanto eu dormia.
Se eu ignorar, ele percebe, para e durmo em paz. Certo?
Errado.
“Lisa. Acorda. Agora. Você não tem noção né?”
Eu não tenho noção?
“É por isso que eu não gosto que você saia sozinha. É por isso que você não pode beber. Está vendo, por que eu não queria que você dormisse? Se fosse um uber, você seria estuprada.”
Vou ser bem sincera com vocês, não lembro das minhas palavras exatas a partir deste momento. Mas lembro de todas as palavras dele como se tivesse acabado de acontecer.
Não sei ao certo o que respondi, mas sei que fiquei muito puta. Sei o que pensei, porque é o que ainda penso. Que eu jamais pegaria um uber sozinha de madrugada. Muito menos dormiria na viagem. Que eu dormi no carro do meu namorado, porque confio nele.
“E você ainda me deixou dirigindo sozinho, sabendo que eu bebi, e se eu dormisse no volante?”
Então esse era o verdadeiro problema.
Só sei que fiquei muito puta. Surtei mesmo. Como eu disse, não lembro exatamente o que eu falei, mas foi na tentativa de traduzir algo como “eu dormi porque confio em você, não sabia que não era para confiar” em algo menos pior. Se é que eu realmente precisava traduzir.
Não sei como chegou na próxima fala dele, mas chegou.
“Então, é isso. Não está mais dando certo. Nenhum de nós aguenta mais. Já tentamos muito. De todas as maneiras. Chega. Não quero mais te ver. Nunca mais. Vou te deixar na sua casa e é isso. Acabou. Essa vai ser a última vez. Não me procure. Estou terminando com você de uma vez por todas. E, por favor, não me difame. O mínimo que mereço é respeito. Suas amigas já fazem o possível e o impossível para manchar meu nome. Não preciso que você faça também. Me esqueça.”
Eu não sei vocês, mas eu não aguento passar por mais um término. Os momentos seguintes foram os piores. O meu maior medo eram os gatilhos. Era sofrer igual sofri qundo meu outro ex terminou comigo. Eu quase morri (sem hipérboles - fui até para o hospital). Entrei em depressão. Mas isso é uma história para outro tempo. Um dia eu tomo coragem de publica-la aqui.
Fiquei quieta o resto da viagem, me segurando de todas as maneiras possíveis.
“Você entendeu?”
Pela primeira vez, eu senti que não precisava responder.
Ele estava decidido demais. Ele já tinha me dado chances demais - na época em que eu dava motivos demais para ele não deixar eu beber. Eu já insisti demais, me humilhei demais, implorei demais. Consegui a volta do nosso relacionamento vezes demais. O relacionamento já se desgastou demais.
Dessa vez, eu só aceitei.
Saí do carro sem soltar uma palavra. Entrei no condomínio. Dei boa noite ao porteiro. Caminhei no frio do estacionamento coberto até o elevador. Apertei o três. Destranquei a porta de casa. Tranquei a porta do meu quarto.
E desabei.
Meu mundo acabou ali.
Mas eu precisava raciocinar. Porque só tem uma coisa pior do que esse momento. O próximo. O dia seguinte.
Eu precisei dar um jeito nisso.
Não tinha como eu aguentar mais um término com ressaca. Não tinha como eu aguentar ele me descascando mais, se ele quiser. Não tinha como eu lidar com essas coisas agora, ou de manhã.
Então, eu arquivei todas as fotos que tinha com ele no meu perfil do Instagram. Não contente, apaguei todas as fotos dentro de carrosséis meus que ele aparecia. Não satisfeita, bloqueei ele no WhatsApp. Achei pouco, e deletei o aplicativo do WhatsApp. Deletei também o aplicativo do Instagram. E bloqueei o número dele. Para fechar, com chave de ouro, excluí, por tempo indeterminado, minha conta do Instagram. Ninguém mais me encontraria. Eu era um fantasma!
Não. Faltavam algumas coisas.
Reinstalei o aplicativo do Instagram, bloqueei ele no meu perfil profissional, também, e deletei o aplicativo de novo.
Escondi a almofada e a caneca que tinham nossa foto junto com o coração escrito “Eu te amo” que ele me deu quando fiz cirurgia.
Agora sim. Chorei até dormir. De maquiagem - e de roupa.
Na manhã seguinte, as coisas demoraram para fazer sentido. Quando algo nesse nível acontece, geralmente, eu já acordo desesperada e com crise de ansiedade, chorando.
Mas hoje, não. Precisei pensar muito. Raciocinar. Era tão bom não ter notícias dele. Não receber nenhum insulto. Nenhum textão ressaltando os motivos dele ter terminado. Era tão bom não poder receber nada. Fingir que nada aconteceu. Não tinha nenhuma notificação no meu celular - que, além de tudo, eu também tinha colocado no modo avião antes de dormir.
Mas, óbvio que a bad vem. Depois de um tempo anestesiada, tudo bateu. Eu não poderia ignora-lo para sempre. Quer dizer, poder, eu poderia. Mas eu queria?
Quanto mais tempo eu ficasse sumida, sem desbloquea-lo, mais eu estaria concordando com o término. Mais eu estaria desistindo. Eu quero desistir?
Completamos dois anos de namoro na semana passada - que esquecemos e não comemoramos. De qualquer maneira, são dois anos. Nossas famílias já se uniram em uma só. A irmã dele virou uma das minhas melhores amigas. A mãe dele estranha quando eu não durmo lá.
Mas o pior não é isso. Eu comecei a lembrar de todos os nossos melhores momentos. Os bons. Os incríveis. Os momentos a dois. Aqueles que, por mais distantes que pareçam, ainda aconteciam, de vez em quando.
Comecei a chorar desesperadamente.
É, eu não quero desistir.
Reinstalei os aplicativos. Desbloqueei Gabriel de todos os lugares. Liguei para ele aos prantos.
Quando ele atendeu, eu não conseguia produzir nenhum som ao não ser meus soluços e meu nariz escorrendo. Até que saiu um…
“Mor, eu não consigo…”
E foi só o que deu para falar. O que eu queria dizer é que não consigo ficar terminada com ele. Não consigo não lutar por nós. Não consigo não insistir. Não consigo.
Gabriel estava muito calmo. Respondeu minhas meias palavras com frases completas e, ouso dizer, ensaiadas.
“Olha, eu acho que nós dois estávamos muito alterados. Nós dois falamos coisas que não devíamos. Nós dois ficamos incomodados demais com pouca coisa. Não quis dizer aquilo. Por mim, não terminamos. Mas, se você preferir, depois de ontem, eu entendo.”
Nunca me senti tão aliviada.
Queria terminar minha frase. Tentei de novo.
“Mor, eu não consig…”
“Não entendi. Você não consegue mais? Quer terminar?”
“Eu não consigo ficar terminada com você.”
Que frase bosta foi essa que saiu da minha boca? Não consigo ficar terminada? Isso existe na gramática?
“Lisa, mas você quer?”
“Eu não sei.”
O que. Estava. Acontecendo. Com. O meu. Cérebro?
Começamos a refletir sobre o ocorrido. Eu finalmente tive a certeza, agora, de que ele sabia o que eu realmente pensei no momento, no carro. Estava falando para ele com todas as palavras, chorando, soluçando.
Também falei que ele não pode depender dos outros para dirigir. Que se não está bem para dirigir, não está. Ele rebateu dizendo que eu ia ficar puta se não fôssemos embora naquele momento. Talvez eu ficasse mesmo. Não lembro direito.
Chegamos à conclusão que continuar a discussão só pioraria tudo. Ele pediu desculpas. Eu aceitei. Ele desligou dizendo que me ama. Eu também.
Depois do almoço, Gabriel veio em casa.
Não queríamos nos desgrudar. Nunca mais.
Estávamos tão próximos, que, ops.
Senti algo.
Estava firme.
Nossa, para quê? Já precisei pega-lo. Toca-lo.
Nesta tarde, lembrei da nossa química verdadeira. Fazia tempo que não a via. E lá estava o nosso verdadeiro amor carnal. Nossa conexão inexplicável.
Tivemos que terminar o relacionamento para que eu me tocasse do quanto isso era importante. O quanto fazia falta. O quanto aumentava nossa conexão.
Minha vontade só aumentava. Precisava senti-lo, bem ali. Por cima.
Eu sentei. Ele disse que eu sento extraordinariamente bem. Rebolei. Gabriel não parava de gemer, de me elogiar e de fazer aquela cara, que eu não aguento, quando está bom demais para ele. Ele gozou. Muito. Ele tremia. É o próprio prazer em formato de expressão. Eu não saberia nem descrever aqui.
Amo ver Gabriel se perdendo. Pedindo mais. Não aguentando. Amo saber que causo isso nele, deixando ele assim.
É sempre olho no olho. Parece um encontro de almas, todas as vezes. Eu amo olhar bem no fundo do seu. Sentir exatamente o que ele está sentindo. É o que mais amo sobre nosso sexo. É dessa conexão que estou falando.
Então, Gabriel me tocou. Muito. Maravilhosamente bem. E me chupou. A língua dele é inexplicável. A delicadeza. O ritmo. A combinação. Quando Gabriel mexe comigo, eu esqueço de tudo. E ele mexe muito bem. Nada mais importa. Está tudo perfeito. Uma delícia. Literalmente.
22 de junho de 2025.
Luana Publi. Lisa.
Uau mulherrrr