Capítulo final (ou não) do conto que nunca tive coragem de escrever
A Lisa que vos fala agora, com menos álcool na veia do que era acostumada a ter há alguns anos, e mais clareza no coração - pelo menos tentando, neste quesito -, está aqui para dizer: este até pode ser o capítulo final. Mas é para alguns dos meus personagens. Não para todos.
Para os personagens que vão, não é que a história deles acabou. É que, a partir de agora, vou deixar a linha do tempo deles mais clara para vocês. E quanto mais clara ela fica, mais percebemos que alguns destes personagens, na verdade, fundem-se em um só.
Isso, porque, surpresa: a Karina, que também vos fala agora, minha amiga perfeita e proibida, é, na verdade, outra personalidade minha. Se vocês se perguntavam com quem Karina traiu Gabriel, se foi mesmo com Bruno, e como Gabriel acabou ficando com Lisa… Mesmo parecendo impossível de explicar para vocês, a resposta é simples.
Sim, eles todos traíram-se entre si. Com eles mesmos. A verdadeira escritora deste conto tem alguns diagnósticos mentais. Um deles é a bipolaridade. Mas isso eu trago em outras histórias, depois, para vocês.
Sou Lisa, mas sou Karina. E não. Não sou Giovanna. Aquilo realmente aconteceu. Mas eu chego lá.
Aprendi a me comportar, a controlar o álcool, a ser adulta, a construir uma carreira. Coloquei minha vida familiar e profissional em primeiro lugar.
Mas tenho meu histórico. Tenho minhas vontades reprimidas. Minhas dúvidas sobre a vida, minhas incertezas - se não valeria mais a pena jogar tudo para o alto e viver a vida loucamente como antes.
Ambas essas mentalidades estão comigo. Mas há uma que sempre ganha. Que se destaca. Que inibe completamente a outra. Que pegou minha personalidade do passado, e a destruiu. A que não trai. A que segura na bebida. A que sabe o que está fazendo. A responsável. A madura. A correta. E por aí vai. É o que todos tentamos ser, né?
Karina traiu Gabriel com Bruno. Bruno traiu Gabriel com Karina. Lisa não soube lidar. Lisa sumiu. Anos depois, reencontra apenas Gabriel. E a continuação desta história, vocês já sabem.
Lisa sumiu… Alô? Alguma referência? E aí encontra Gabriel… Não vou falar mais que isso. Quem leu todos os meus contos até agora deve entender.
O que vocês também não sabem é que Bruno e Gabriel também são percepções diferentes que tenho de uma mesma pessoa, bem próxima a mim. Não vou falar quem. Não agora, pelo menos.
Quando digo que esses quatro personagens traem-se entre si, o que realmente quero transmitir é que eu, e essa pessoa querida, traímos nossas personalidades superiores com as inferiores. E, então, é essa traição que ocorre enre Lisa e Gabriel nos contos “Um conto sobre Giovanna”, “Um conto sobre Giovanna - Parte II” e “Lisa e Gabriel: o capítulo comum de todas as minhas histórias” - mascaradamente, porque eles não traem-se nessas histórias.
Não há traição contada. Esses três contos são a verdade. Por isso, eu disse que há histórias que vão continuar, por aqui. São essas três. Não sei se da maneira que estão. Não sei se com o mesmo nome. Mas elas vão sempre ter realmente acontecido e continuar acontecendo.
O mesmo vale para “Quem é Lisa?”. Aquele texto é inteiramente verdade.
Já a série “capítulos do conto que nunca tive coragem de escrever” são a tradução da realidade mascarada. São resultados de personalidades das mesmas pessoas cruzadas em personagens distintos. É o meu próprio mapa de existência.
Quando olho para todas essas vozes, percebo que elas não brigam entre si. Elas querem o mesmo: me ver inteira. Esse é o capítulo que se une ao ponto de partida.
Às vezes, nossas linhas do tempo paralelas precisam se cruzar, para que, finalmente, saibamos quem somos de verdade. E eu tenho muitas linhas paralelas do tempo - sobre quem eu fui e quem eu sou - na minha cabeça. Não sei vocês.
Até a próxima,
Luana.
MEU DEUS MEU DEUS MEU DEUS estou em choque e por favor comece outro conto AGORA! E sinta-se abraçada! <3